quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

só sei que foi assim


E toda vez que ela dormia, acordava outra.

Às vezes dormia magra e acordava gorda.
Às vezes dormia verde e acordava cinza.
Às vezes dormia muito e acordava pouco.
Às vezes dormia inteira e acordava em mil pedacinhos.
Às vezes dormia má e acordava com água na boca.
Às vezes dormia rindo e acordava cheia de dúvidas.
Às vezes dormia reta e, num sei como diabos!!!, conseguia acordar perdida.

Mas foi depois daquela noite...
Aquela noite em que dormiu mulher.
Dormiu madura e segura de si.
Dormiu depois de um grito solto:
- FODA-SE!!!
Então...
Foi depois dessa aí mesmo, sei lá o que aconteceu.
Só ouvi dizerem por aí, que ela dormiu bem,
E nunca mais acordou.

Melhor assim.

sábado, 22 de dezembro de 2007

sobre o tempo que chega


Desejo-lhes, para este ano que vem à vida, o incômodo, a indignação e a misericórdia. E que estes sentimentos não se limitem apenas à suas mentes e corações. Que eles se revoltem em concretudes e ações, em socorro a um mundo com uma humanidade enferma.

Desejo-lhes a culpa. E que nela, cada um sinta-se um pouco Deus. Só ele é capaz de considerar-se verdadeiramente responsável por cada criança necessitada, cada ser humano miserável, por cada sofrimento e dor.

E que este auto-reconhecimento nos faça agir de encontro à demanda do Planeta Terra doente e de seus indivíduos doloridos.

Que nesta véspera de novo tempo, deixemos as promessas individuais de lado e adotemos promessas coletivas. Promessas que atinjam mais do que nosso metro quadrado e, mediante a tanta responsabilidade, as concretizemos com a certeza de que esta é a única maneira de atingirmos a felicidade real e permanente em nós mesmos.

Voltarmos para o sofrimento alheio é o caminho mais curto de nos encontrarmos em essência.

Um feliz Natal e um próspero Ano, para toda a humanidade, por meio de nossas próprias mãos. Apenas elas são capazes de transformar.

São meus votos sinceros,

Mari

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

em comprimido, por favor.


Aí ela teve vontade de falar:

- Se eu pudesse, não largava nunca mais...

Mas não falou.