
Quando a gente é criança, bem pequenina mesmo, com aquela idade na qual só consideram-se fantasias e à realidade não credita-se a mais remota importância, vai chegando a época de fim de ano e, acreditem, começam-se as tormentas.
Tudo porque, reza a lenda infantil, este é o período no qual só o que resta é olhar para trás e buscar, na caixinha das lembranças recentes, todas as experiências vividas e promovidas durante o ano. E se, ao serem colocadas na balança, as atitudes malvadas pesarem mais do que as boazinhas, algo muito ruim acontecerá.
O Papai-Noel - aquele velhinho de sorriso fácil e doce, barbudo e gorducho, que sai pelos ares com seu trenó repleto de folguedos -, como represália, não descerá a chaminé da lareira de tijolinhos à vista, que adorna o cantinho da sala da sua casa. E você, ficará sem aquilo que tanto cobiçou durante os últimos 345 dias - o que, convenhamos, é um tempo razoavelmente grande para quem viveu apenas duas ou três vezes essa fração.
Aí a gente cresce. E aquele medo de não ganhar presente fica para trás. Bem lá atrás... Num lugarzinho distante, junto com todos os nossos sonhos desacreditados, nosso comprometimento com a vida, nosso olhar estrangeiro.
Junto com nossa capacidade de espantar-se.
Espantar-se com cada atitude intolerante, cada pai que mata filho, cada filho que mata vó, cada policial que fere, cada policial que morre, cada choro de fome, de frio, de desespero...
A gente deixa lá longe a sensibilidade que nos permite perceber quando o buraco fica bem mais embaixo. E quando o que todos tratam como causa, na verdade, é conseqüência. E deixamos também a percepção de que, em situações como esta, a recíproca não é verdadeira. Tratar a conseqüência como causa pode fazer mal a beça para alguém, para “alguéns”, ou para toda uma sociedade.
Mas então, voltando ao começo, aí a gente cresce.
E quando vai chegando este período de final de ano, ao invés de, como quando éramos crianças ignorantes e tolas, olharmos para trás e repensarmos tudo que foi desencadeado com cada atitude irresponsável, cada palavra proferida sem “lastro”, cada mão recolhida, cada tempo desperdiçado... Ao invés disso, olhamos para frente e pedimos, apenas.
Só que, ao pedir, esquecemos da máxima infantil: “maus meninos, não ganham presente”.
Espero que, este começo de novo tempo nos convide a uma reflexão profunda: seres humanos fazem parte da natureza. Salvar uma árvore torna-se uma atitude vã, quando não se cuida de gente. Só gente - e muita gente! -, tem o poder de salvar o planeta.
Um feliz Natal e um próspero ano, para toda a humanidade, por meio de nossas próprias mãos. Apenas elas são capazes de transformar.
São meus votos sinceros,
Mari
Tudo porque, reza a lenda infantil, este é o período no qual só o que resta é olhar para trás e buscar, na caixinha das lembranças recentes, todas as experiências vividas e promovidas durante o ano. E se, ao serem colocadas na balança, as atitudes malvadas pesarem mais do que as boazinhas, algo muito ruim acontecerá.
O Papai-Noel - aquele velhinho de sorriso fácil e doce, barbudo e gorducho, que sai pelos ares com seu trenó repleto de folguedos -, como represália, não descerá a chaminé da lareira de tijolinhos à vista, que adorna o cantinho da sala da sua casa. E você, ficará sem aquilo que tanto cobiçou durante os últimos 345 dias - o que, convenhamos, é um tempo razoavelmente grande para quem viveu apenas duas ou três vezes essa fração.
Aí a gente cresce. E aquele medo de não ganhar presente fica para trás. Bem lá atrás... Num lugarzinho distante, junto com todos os nossos sonhos desacreditados, nosso comprometimento com a vida, nosso olhar estrangeiro.
Junto com nossa capacidade de espantar-se.
Espantar-se com cada atitude intolerante, cada pai que mata filho, cada filho que mata vó, cada policial que fere, cada policial que morre, cada choro de fome, de frio, de desespero...
A gente deixa lá longe a sensibilidade que nos permite perceber quando o buraco fica bem mais embaixo. E quando o que todos tratam como causa, na verdade, é conseqüência. E deixamos também a percepção de que, em situações como esta, a recíproca não é verdadeira. Tratar a conseqüência como causa pode fazer mal a beça para alguém, para “alguéns”, ou para toda uma sociedade.
Mas então, voltando ao começo, aí a gente cresce.
E quando vai chegando este período de final de ano, ao invés de, como quando éramos crianças ignorantes e tolas, olharmos para trás e repensarmos tudo que foi desencadeado com cada atitude irresponsável, cada palavra proferida sem “lastro”, cada mão recolhida, cada tempo desperdiçado... Ao invés disso, olhamos para frente e pedimos, apenas.
Só que, ao pedir, esquecemos da máxima infantil: “maus meninos, não ganham presente”.
Espero que, este começo de novo tempo nos convide a uma reflexão profunda: seres humanos fazem parte da natureza. Salvar uma árvore torna-se uma atitude vã, quando não se cuida de gente. Só gente - e muita gente! -, tem o poder de salvar o planeta.
Um feliz Natal e um próspero ano, para toda a humanidade, por meio de nossas próprias mãos. Apenas elas são capazes de transformar.
São meus votos sinceros,
Mari